segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Movimento

Estou bêbado. Como se isso fosse novidade. Vivo assim. Descontrolado, amassado e bagunçado. Caindo nas esquinas, bares, ruas. Tenho experimentado de tudo, porque na vida, ou você vive ou se deixa morrer. Definhar, na verdade. Por isso tenho bebido e fumado tanto. De tudo e com tudo e com todos. Tenho deitado na cama de várias mulheres e beijado vários lábios-rosados. E me deixado levar. E cair, e seguir, e sofrer e sorrir. Insisto em me negar a idade. Em continuar vivendo como um garoto de 18 anos pronto para descobrir o mundo e viajá-lo durante e por anos. Eu irei continuar com essa vida até que nela exista um empecilho para que eu não a viva. Quer dizer. Já existem vários. Trabalho, mulheres-apegadas, câncer de pulmão, mal humor, dores de cabeça matinais, sol, chuva, família conservadora e muitos outros. Mas pra mim, sinceramente, eles são tão insignificantes. Eu estou nesse mundo, porque aqui caí por acaso. Então, me deixem aproveitar a vida ora bolas. Me deixe beber até não querer mais, e me revirar em vários lençóis por semana. E para as mulheres-apegadas, um perdão. Não posso mudar. Essa é minha natureza. Tenho medo de um rabo-de-saia me tirar da esbórnia, me colocar num terno e me fazer viver um pra-sempre-tão-monótono. Cheio de aparências, quadros e bebidas caras, amigos de fachada, jantares sem festa e muitas outras limitações que os solteiros-convictos detestam. Eu não posso me amarrar a ninguém. Nem a lugar algum. Na verdade, eu não posso me prender a nada. Não nasci pra ser um executivo de sucesso que passa a metade da vida sentado em sua poltrona de couro no prédio mais alto de alguma cidade-agitada. Nasci pra estar em movimento. A constância não me agrada nem um pouco. Faz muito pouco o meu estilo. Se é que tenho um estilo. Sou tanto de tantas pessoas, vivendo em um pequeno e apertado pedaço de pele e ossos. Eu só quero ter a certeza de que, quando eu voltar pro universo, nessa Terra, eu tenha vivido tudo que me foi alcançável viver. Só isso. Não, Não. Tudo isso...

1 comentários:

Anônimo disse...

esbórnia, perfeito

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Very Gold

"Nos demais o coração tem moradia certa, fica aqui, bem no meio do peito. Mas comigo a anatomia ficou louca, sou todo coração!" V.M

 
"O essencial é invisível aos olhos!" Saint-Exúpery