segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Quem sou eu

Sempre hesito em falar quem sou.
Por que?
Porque tenho medo de que as pessoas descubram que nem eu mesma sei!

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Selvagem

Não consigo mais me portar na frente da sociedade. Perdi os modos, costumes e limitações.
Virei bicho-arisco-do-cerrado. Sou selvagem e dissimulada.
Me prefiro assim.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Cachaça

Primeira dose:
Eu quero é mais um litro de pinga aqui na mesa, Garçom. Mas tem que ser pinga mesmo. Daquela de esquentar até os sentimentos frívolos. Deixa eu te contar os meus problemas, que já não cabem nem em mim. Eles são tão grandes que não consigo nem descontar em alguém. Talvez não consiga nem contar pra você. É. Eles são complicados. Na realidade acho que quem é complicado aqui sou eu. Sou eu que não sou entendido e nem compreendido por ninguém. Parece que as pessoas até fazem de propósito. Me perguntam se estou bem e quando respondo que não, que estou morrendo, ninguém me entende. Dizem que sou dramático e um caçador-de-problemas-e-rabos-de-saia-problemáticos e outros inúmeros nomes compostos. 
Segunda dose:
Eles também dizem que ando bebendo demais, fumando demais e sofrendo demais. Traz mais uma pra gente conversar melhor, colega. Porque você não senta? Ah! É mesmo. Você está trabalhando né? Mas mesmo assim, faz comigo o que todos fazem também? Finge que me escuta. Depois é só fingir que também me entende. Comigo é assim, na base do fingimento. Não é porque eu gosto. É porque eu preciso. Isso não é desde muito tempo atrás não, calma! Eu me tornei assim. Me adaptei, como todos os outros seres da natureza-selvagem. Desde quando aquela devassa passou na minha vida. Me oferecendo bebidas e cigarros a vontade. E essas nem eram as piores drogas que ela me oferecia! Aquela mulher me dopava com adrenalina e muitas alucinações. Mas o pior de tudo foi que tive uma overdose dela. Da mulher-devassa. Cheirava, bebia, injetava cada vez mais ela na minha vida. Eu tinha necessidade. Decorava cada parte do seu corpo. Pra mim ela era perfeita. Cada mínimo detalhe dela era perfeito. Até mesmo os defeitos.
Terceira dose:
Tô te atrapalhando muito amigo? Desculpa! Mesmo. O problema é que tô precisando de você. Tô precisando de seus serviços-alcoólicos-e-companheiros. Me escuta só mais um pouco. Só até o resto da minha vida. Acho que do jeito que anda nem dura muito não. Espera só um pouco. Continuando: O problema não foi que ela passou na minha vida. O problema foi eu querer continuar a viver mesmo depois dela ter ido embora. E levado todos os meus bens-sentimentais-e-psicológicos com ela. Acho até que ela levou mais que isso. O meu discernimento, entendimento e lucidez. Deve estar tudo na mala dela. Talvez até no lixo da cozinha do próximo dependente químico dela! Depois que ela passou eu sofri, chorei, sangrei e me curei. Ou pelo menos achei que tinha me curado. Não, Não! Eu não corri atrás dela. E nem pude também. Ela mudou de nome, telefone, planeta talvez. Acho que ela nem era daqui, desse. E mesmo que pudesse, acho que não lembro bem o rosto dela. Já passaram tantas outras drogas na minha cama e na minha veia. Não tenho boa memória. Nem muito menos, boas lembranças.
Quarta dose: 
Irmão, eu sei que já tô caindo e tropeçando nas palavras. Mas é porque eu não quero voltar pra casa e ter que enganar minha mulher de novo. Fingindo que estava em uma saída com os amigos do trabalho, ao invés de contar a verdade. A verdade de que eu estou aqui no mesmo bar a uma semana, chorando as lágrimas de um amor que nem teve um papel assinado a dois. Um relacionamento que já tinha entrado em combustão e soprado as cinzas a muitos anos. Eu não queria ter que voltar pra casa e mostrar pra ela que nos meus olhos só quem dá pra ver é A outra. É assim que ela chama a Chama da minha vida. Como ela sabe da outra? Ela só não sabe, ela detecta e até fareja o cheiro dela. O cheiro de álcool que ela traz pra minha boca e a insensatez que traz pra minha mente. Como ela a odeia. Sabe que toda a minha vida é dedicada a Ela. É não. Foi. Eu realmente acho que já não tenho vida. Me encontro em condições precárias. Caindo em cada mesa de bar e chorando em cada ombro que me aparece.  
Quinta dose:
Como eu te disse no começo. Comigo é na base do fingimento. Eu finjo que esqueci de que amo a minha antiga-vida. Ela finge que acredita nessa mentira-mais-que-esfarrapada. E nós continuamos, seguindo. Eu no bar. E ela nem sei onde. Não me interessa mais a vida dela. Já me sinto tão mal em ter que atrapalhar a dela com a minha, que tento interferir o mínimo possível. Só não quero voltar pra lá. Na verdade não quero ir pra lugar nenhum sem uma garrafa debaixo do braço. Porque eu não esqueço isso tudo e vou viver minha vida? Se eu sou um homem ou um rato? Coitado dos homens. E dos ratos de serem comparados a mim. Um ser que não sabe nem se ainda é humano.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Achado

Muitas pessoas vivem gritando aos quatro ventos
Que encontraram o amor de vossas vidas e etc.
E eu?
Que ainda não achei nem a mim mesma?

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Inúmeras

Acordei hoje com o gosto da sua boca e a lembrança do teu rosto perfeito. Com o gosto dos cinco anos que se passaram desde que decidimos que não era a nossa vez de viver uma vida a dois. A dois não! A um conjunto infindável de pessoas que você representava ser. Não arrisco nem um número. Eram tantas ações sem contexto e sentido. As vezes você batia na minha porta chorando e me implorando abraços, e outras vezes batia a porta na minha cara dizendo que eu não era nada pra você e que me queria fora do seu apartamento naquele momento.  Mas mesmo assim, eu amava cada eu seu, desde o que só aparecia por alguns segundos, quando você me olhava de uma forma tão juvenil, até ao que habitava a maior parte do tempo em você, o que me parecia ser vivo e incandescente! E como você o era. Aventureira ao extremo, com a idéia de vida nos olhos e em cada fio de cabelo-azul. Queria viver uma vida em um dia. Você sempre foi tão divertida. Sempre não, boa parte do tempo. Mas quando a tristeza e a chuva invadiam seus olhos começava o desespero. As noites em branco, os lenços encharcados, as perguntas sem resposta e mais uma cachoeira de lágrimas e tristezas. Não sei bem porque você ficava daquele jeito. Sua vida era tão boa. As trilhas estavam caminhando para a felicidade e o amor-eterno, o que mais você queria? Você sempre me respondia dizendo querer um pouco mais de você mesma. Nunca entendi isso. Mas no meio a tantas lágrimas, sorrisos e apelações, eu nunca deixei de estar presente! Nunca. Sempre te quis. Num eu ou em outro. Pra mim não fazia grande diferença. Era você! Isso sim importava. Mas um dia apareceu um certo olhar de desprezo em você. E desde aí, não demorou muito pra acabar. Você começou a não me querer. Acho que já era o que grande parte de você queria. Mas nisso eu já não podia interferir. Então começou a diminuir a tua roupa na minha casa, a frequência das visitas e dos eu te amos. Mas eu não podia fazer mais nada. Não cabia a mim nos salvar. Logo, nosso 'nós' definhou e morreu. Não gritamos, nem fizemos um escândalo no prédio. Apenas acabou. Como um dia Apenas começou. As vidas são assim. Com verbos, vírgulas, adjetivos, preposições e todas as outras classes gramaticais. Mas um dia ou outro, o ponto final chega. As vezes ele até faz você esquecer o que veio antes dele. Ou então, abre as portas para que se comece uma nova seleção de sentenças, totalmente diferentes e inéditas. É assim. Com todos e pra todos. E não foi diferente com ela. E nem comigo.

Sol

Meu sol que brilha,
Que brilha por mim, Sol.
Sol que brilha por Sol.
Brilha, sol, por mim.
Mim, brilha, pro sol.
Sol, Sol, Sol.
Meu sol.

* Para alguém que me fará sentir demasiadas saudades,

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Sono

Quero dormir um pouco;
Voltar a sonhar e esquecer esse pesadelo
Que é a realidade!

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Pragmática da realidade

Como isto aconteceu e eu nem percebi? Quando foi que todas as pessoas ao meu redor começaram a falar outra língua? Escuto, Escuto e escuto e não entendo complexamente nada!
Mudaram a pragmática ou fui eu que perdi
O Entendimento da realidade?
Realmente não sei. Estou confusa.

Very Gold

"Nos demais o coração tem moradia certa, fica aqui, bem no meio do peito. Mas comigo a anatomia ficou louca, sou todo coração!" V.M

 
"O essencial é invisível aos olhos!" Saint-Exúpery