sábado, 26 de março de 2011

Coração

De coração?
Porque se for de coração, não. Eu menti.
Você não conseguiria entender meu músculo-pulsante nem por um minuto.

sábado, 19 de março de 2011

Me pedem para ser gente, ser humano, de carne e osso.
Mas pra mim isso já é demais.

terça-feira, 15 de março de 2011

Minha & Seu.

Queria ter morrido depois dela. Talvez ter pegado uma doença-fatal. Algo que me matasse em poucos meses. Não porque eu não queria viver mais. Eu até que queria. Um pouco. Mas queria. Mas não chegaria a valer a pena. Só valeria com ela do meu lado. Até porque sem ela minha vida ficava um mar-transbordante-de-lágrimas. E claro, de conhaque. Foi só ela chegar com aqueles olhos-famintos de amores de mim. E de vontade de viver comigo que tudo mudou. Meus dias se transformaram em dias. Dias bons. Com bons dias de manhã e eu te amos a noite, de tarde, as 02:00 da manhã, as 13:00 da tarde, a qualquer momento. Ela sempre queria dizer que me amava. Pra ela contava muito colocar pra fora um pouco do que estava explodindo nela. Eu não. Eu era calado. Era não! Sou! Mentira, agora eu sou mudo. O que adianta falar, se não tem alguém pra te ouvir? As vezes eu até encontro umas mulheres por ai. Elas me escutam, mas não entendem nada. Não coloco a culpa nelas. O problema é comigo mesmo. Mas ela conseguiu me entender. Até pra me amar ela teve capacidade! Capacidade ou paciência? Só ela poderia dizer. E por onde será que ela tem andado? Em qual cama ela dorme agora? Não consigo aceitar que aquele corpo que um dia foi só meu, hoje mora e consegue dormir em outros braços e abraços. A última vez que a vi ela ainda era a mulher linda que conheci. Com aqueles olhos cor de céu que sempre pareciam estar sorrindo pra todos. Eu a vi e nem coragem de falar com ela tive. Não sei se aguentaria tanto. Só de olhar pra ela e saber que ela ainda estava viva. Vivendo sem mim. Enquanto eu só sobrevivia sem ela! Já doeu muito. Imagine se eu fosse lá e descobrisse que ela ainda lembra do meu rosto, da minha marca de cigarro preferido, da última música que mandei pra ela. Se isso acontecesse, antes mesmo dela voltar pra casa, onde quer quer fosse, eu já estaria lá! Com minhas malas abarrotadas de arrependimentos e pedidos de desculpas-diferentes. Mesmo sabendo que ela me colocaria pra fora, e ainda diria que eu fui a pior droga que ela experimentou na vida. Mas entendo o porque dela não me querer mais. Tudo que ela queria era me amar e viver comigo pra sempre. O problema era que eu nunca acreditei em um feliz pra sempre. Sempre achei a pior bobeira que os humanos se davam o luxo de dizer. Como é possível você, que muda dos brinquedos as garotas, das garotas as mulheres, das mulheres as bebidas e cigarros, das bebidas e cigarros as contas, das contas a aposentadoria e felizmente da aposentadoria a morte, viver com um só amor durante esse tempo todo? Durante todas essas fases? Pra mim, isso é medo. Medo de ir buscar no mundo uma nova experiência. Uma nova boca e novos lençóis. E como eu poderia amar só uma? Eu amava ela, a outra, aquela do andar de cima, a do escritório, aquela que me deu um beijo no primário. Amava todas. Mas sentia falta dela. Dos beijos, da cintura, do jeito que ela penteava o cabelo, do café que tomávamos antes do cigarro, das carícias.  Da vida dela, por um todo. Da vida dela na minha. Não sei bem explicar. Ela simplesmente era minha. Ela queria ser minha. Eu que não queria ser de ninguém. Sempre fugia desses pronomes possessivos. Eu que sempre fugi do mundo todo. Pena que fugi tanto do "seu" que perdi o "minha". E agora não tenho nada. Nem você. Nem as outras. Nem ninguém. E hoje eu durmo em uma cama com um buraco-imaginário do lado. E sobrevivo com um buraco-bem-real no peito.

Very Gold

"Nos demais o coração tem moradia certa, fica aqui, bem no meio do peito. Mas comigo a anatomia ficou louca, sou todo coração!" V.M

 
"O essencial é invisível aos olhos!" Saint-Exúpery