domingo, 22 de janeiro de 2012

clemência, Clemência!

O nome dela era tudo o que eu queria. Clemência. Era bem moça quando a conheci, viva como as noites de agosto. Esperançosa e cheia de pintas no rosto. Uma mulher com jeito de menina. Apaixonada por flores, vestidos-com-estampas-de-flores, primaveras e sol. Parecia acordar todo o dia com o olhar no jardim, imaginando a hora em que poderia ir lá fumar um cigarro ou fingir que sabe cuidar do canteiro de tomates. Tudo girava em torno do sol e céu pra ela. Era uma dessas mulheres crentes da Astrologia. Uma viajante do Espaço Sideral. Moça de dar borboletas no estômago e machucados nos lábios. O problema em tudo isso -  porque afinal sempre há um problema. Na sua casa, ou na minha. Até nos outros planetas, em um falta água, no outro terra e no nosso compaixão e sensibilidade. Os problemas são inevitáveis. As preocupações também. Não importa se você mora no Lago Sul ou no Céu Azul, insatisfeito estará com algo ou alguém, as vezes até com o que não existe - era eu. Um demente apaixonado, viciado em Whisky e poker, com traumas juvenis e problemas com a família. Mas mesmo assim, eu tentei. Afinal todos nós precisamos tentar. E ainda mais com ela. Nem exitei em tentar! Mas o que fazer com todo o meu desejo? Todo o fogo que ardia no meu peito e nos meus olhos não podiam ficar ali só concentrados naquele jardim, vivendo uma vida que nem parecia ser minha. Não combinava comigo a vida dentro de casa, então, o que posso fazer? O que podia, eu fazia. Mentia, fugia e me entupia de álcool e cigarro. Passava no bar, na borracharia, no quiosque do zé e no caralho a quatro. Eu só precisava sair. Respirar o ar da emoção de viver. Mas no fim estava eu em casa novamente. Cheirando o cabelo-de-rosas da minha doce Clemência. Pedindo perdão pela bebida e as escapulidas. Dizendo que tudo o que eu precisava era um pouco de aventura. Mas eu não me contentava mas em fugir e voltar, comecei a fugir e ficar foragido. Como um condenado a voltar pra uma prisão-de-flores. Eu era um miserável. Como todos nós somos. Homens miseráveis. Maus apreciadores de perfumes e frascos. Fui perdendo a cada noite o sol dos meus dias. Virei um bêbado daqueles que de amigo só tem as garrafas e o garçom. E tudo isso por não saber amar minha flor. Não teria coragem nem de  implorar novamente por clemência. Ela não me negaria. Pelo contrário, diria acreditar que eu apenas não tinha visto minha própria sorte nas estrelas. Mas eu não faria isso. Não obrigaria ela a viver amaldiçoando a si mesma. Desperdiçando sua alegria com um lunático-seco. Preferi deixá-la na época dos girassóis, pra não doer tanto. Ela não merecia sofrer. Já eu, mereço viver com o fardo de saber que não tenho a capacidade de amar. Continuarei tentando reparar nas estrelas...

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Eu também vou reclamar

Tenho me sentido insatisfeita. E infeliz. Infeliz por me sentir insatisfeita. Mas parece que não tem outra opção. Todo mundo, ou a maioria dele, a salvo algumas pessoas que tem a coragem de arriscar, pegar sua casa, colocar nas costas e se livrar de toda essa insatisfação, ir a procura de ambientes mais calmos, menos populosos e problemáticos. Mas até esses para tomarem a decisão de libertar-se precisaram ter um colapso de reclamações e injúrias contra deus e o mundo. Literalmente. Vivemos nessa. Olhamos para os lados e só encontramos motivos para balbuciar insultos a fulanos e ciclanos. Os cachorros fazem cocô demais. Em Brasília quando não está escorrendo o universo pelos céus, nossos miolos estão fritando em baixo deles. Caldas Novas é muito quente no calor e muito morna no frio. A festa da semana passada não deu quase ninguém. O doce que eu tomei nem fez a cabeça. É tanta coisa. Tanta pouca coisa. Mas que fazem as nuvens se transformarem em dias nublados. Músculos pulsantes em figuras abstratas de decepção cortante. Relógios em cronômetros-da-morte. O celular que você olha a cada um minuto pra encontrar uma novidade, uma hora dessas se desmantela na parede. Os batons continuam acabando. As crianças fazendo perguntas óbvias. Os cafés a esfriar e as cervejas a esquentar. Os anticoncepcionais falhando. E nós, humanos reclamões e débeis, continuaremos assim, se importando com tudo quanto é minimo detalhe da vida. Tem dias que colocamos os pés no tapete-da-beirada-da-cama com tamanha excitação que a unica coisa que estragaria seu dia seria escorregar. E é isso que acontece. Dias nos quais você levanta com a vontade fugaz de apenas ser feliz, cantar a vida, comprar sapatos novos e até escrever uma carta pr'aquele miserável do inverno passado. Mas é essa tal efusão de alegria que te coloca nú diante de toda a sociedade. Livre das capas da mentira e egoísmo. E nesse mundo, a nudez não é permitida. Até por higiene, mental, corporal e espiritual. Esse lugar é sujo. Dessa gente nem se fale. Mal esperam que você feche os olhos para começarem a atuar em seus shows de horrores. Humanos. Cânceres. Que nas tuas deixas de pura-alegria-nua e crua te apontam dedos na cara ou te jogam nos braços a salvação da empresa, do casamento, as vezes até do mundo. E dessa forma o melhor é comprar um pouco de fumo, uma cadeira de balanço e ficar a observar o mundo todo, só pra ter do que reclamar o tempo todo. Ter o que falar. A milênios ouvimos lamentações e lamúrias, e por mim, que cá estou a reclamar de reclamar, tudo continuará assim. Até que.. Até que não sei o que. Não sei do que não sinto. 

domingo, 15 de janeiro de 2012

Chapada na Chapada

Alô, São Jorge!
Em breve de te vejo,
te sinto, te cheiro.

Cheirando a mato,
terra e deus.

A planta brota da terra
e das bocas
malucas.

Luzes da lua de São Jorge
iluminam as ruas do vilarejo.

Artesanato, barraca e cerveja.

É um elogio completo 
a Loucura. 

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Escravizando minhas idéias, eu me torno a senhora do meu engenho.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Povo Brasileiro

Araras, Babaçu e Índios
Poetas, 
Árcades e Românticos
Respirando o ar florestal do Brasil
Amazônico. 

O Samba corrente nas veias 
e na pele miscigenada do povo.

Meu povo!
Mascarados carnavalescos
Colheres-de-pau na panela
Lavadeiras e lavradores.

De cabo
a rabo,
Brasil.

Very Gold

"Nos demais o coração tem moradia certa, fica aqui, bem no meio do peito. Mas comigo a anatomia ficou louca, sou todo coração!" V.M

 
"O essencial é invisível aos olhos!" Saint-Exúpery