quarta-feira, 29 de junho de 2011

Telefone

Como assim você sente muito? Se sentisse o minimo de afeto por mim, não estaria fazendo o que faz. E outra, se é que o seu peito é capaz de sentir! De amar. Aparentemente não. Digo aparentemente por ser referido a aparência que você tem transparecido para mim. Porque sei que antes teu amor não podia ser tão mentiroso e metido. O que te aconteceu para querer que eu esqueça tudo? Se a você é possível, vá em frente! Mas para mim é ideia inviável e inoperante. Não por você ser tão importante assim, e sim por eu não ser uma pessoa que esquece facilmente das vivências. Tento acumular o máximo de lembranças. Mentais e/ou físicas. Sou apegada as minhas memórias. E de ti, sei que não vou esquecer. Como conseguiria? Olhe o tempo que passamos juntos, todos os momentos, todas as trocas de beijos e ideologias. Nada muito fácil de se dissipar na memória. Por que agora diz que amor é um sentimento que você não tem pra me dar? Amor não se dá em um dia e se toma no outro. E se você conseguiu fazer isto, é porque este sentimento nunca foi amor. Você deveria ter sido sincero. Dito desde o começo que estava querendo viver uma experiência-de-vida, não um conto-de-amor! Agido como se só quisesse isso também, não declamando eu te amos. Acho que no próximo natal não estaremos juntos... Por mérito e veredicto seu!

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Hora marcada

Existem dias no ano em que tudo fica contrariante. Muitos demais. Nariz escorrendo, sínteses e paráfrases a fazer, olhos caindo de sono e espírito flechado. Tudo isso em um dia. Em poucas horas que são contadas segundo a segundo antes que se acabe o dia. Eu sou obrigada a correr até que o ar tenha sido completamente expulso dos meus pulmões! Só pra conseguir não perder a minha cabeça, que vive acorrentada ao trem das 24horas. Nada disso tem me feito feliz! Nem ao menos aquelas pontadas de entusiasmo sentidas no peito tem me atingido mais. Tenho andado as cegas pela minha vida, só para abrir bem os olhos para a minha rotina. Rotina opaca e inerte, que não adimite falhas e nem equívocos. Bem menos este último. Exigem de mim uma paciência que a sociedade e suas indignações não tem me permitido ter. Paciência e calma. Mas como adquirir essas imagens-apassivadoras em meio a tantas datas estípuladas, horários cronometrados e presenças exigidas? Acho que minha raiva está mesmo é no contar do tempo. Mania mortal essa de contar quantas horas falta para a morte! E eu fico aqui, no chão da minha garagem, sofrendo devagarzinho. Sendo consumida pela fogueira de desilusões, que a algum tempo não tem mais faíscas de felicidade. Querendo ser salva. Rendida. Posta para fora disso tudo de qualquer forma! Mas isso não tem acontecido. Pelo contrário. Não sei o porque, mas em resposta a minha boa ação às plantas, ao céu e à terra, não tem sido bem vistas. Nem retribuídas. Sei que isso é por hora! E que o queimar do desespero uma hora acaba. Hora, não. Não quero mais contar o tempo! Em algum momento, acaba. Não queria que nada disso fosse tão dramatizado. Mas é minha unica forma de soprar as ideias da minha mente...

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Canção de Amigo

Eu, quando menor em tamanho e maior em existência, era um pouco excepcional. Muito mais do que sou hoje. Amava minha unica irmã, cheiro e sabor de terra, o céu azul de Brasília e um vestido liberty de flores coloridas. Em dez minutos de extremo esforço cognitivo consegui apontar esses cinco puro-amores. Minha vida era intensa e inconsequente! Era maravilhoso. O vento era mais fresco, o sol mais quente, o kinder-ovo mais barato   e as mágoas nem existiam. Nesta minha fase maravilhosa, algo foi marcado. Até sublinhado e grifado. Nos meus treze anos incompletos eu ganhei um amigo. Um daqueles que a gente não dá nome pela falta de existência física comprovada. Mas o meu eu realmente nunca vi. Nunca dancei ou pedi pra minha mãe para ele sentar conosco na hora do jantar. Eu o imaginava longe. Como um destinatário de cartas. Não sei o porque mas eu não precisava da presença corpórea dele. Só o queria como um ouvido amigo. A quem eu pudesse enviar meus andados pela Terra. Escrevia para ele tudo. Absolutamente tudo. Minhas histórias, cartas, lamentações e festanças. Contei a ele sobre meus dias e noites, namoros e namorados, simpatias e repulsas e nunca obtive uma resposta. Nada! Senti falta delas algumas vezes. Vezes essas que a unica verdadeira e sincera ajuda poderia vir dele. Porque era a ele que minhas verdades eram declamadas, pintadas e escritas. Aos outros eu só enviava mentiras, fingimentos e adaptações-de-roteiros. Transformei meus dias, paixões e desesperos em sínteses, canções, contos e diários de bordo. Até minhas esquisitices mais escondida e bobas ele tinha ciência. Do meu gosto por bules de chás, minha repulsa por gatos e meu amor pela cor das fogueiras. Não sei qual foi o momento em que decidi que não valia mais a pena escrever cartas para ele. Não que antes tivesse valido. Mas antes era necessário. Necessidade minha de poder ter com alguém um segredo. Meus segredos. Mas me lembro da primeira vez em que me comuniquei com o meu melhor amigo-imaginário. Das minhas singelas e sinceras, três linhas de apresentação. 
"Sou eu, aquela garota que você nunca viu, nunca verá e que nunca existiu. Sei que você nunca me conhecerá pois não tenho certeza da minha, e nem da sua, existência, e com finalidade de uma boa companhia nas horas de imaginação insana e realidade inventada, crio você!"

Very Gold

"Nos demais o coração tem moradia certa, fica aqui, bem no meio do peito. Mas comigo a anatomia ficou louca, sou todo coração!" V.M

 
"O essencial é invisível aos olhos!" Saint-Exúpery