segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Cegos que enxergam

Tenho me debruçado no ato de loucura, ou pelo menos na tentativa deste, de analisar a humanidade. Me propondo a cada acordar, levantar com os olhos já despertos para o mundo, não querendo deixar escapar aos olhos, ouvidos, boca, tato, paladar e olfato nenhum segundo do tempo de existir. Não sei se isso é uma suplica por uma explicação - se é que esta existe - para o universo caótico que habitamos e fazemos parte, onde a poeira cósmica solta no "céu" em determinados minutos se condensa em espírito e passa a respirar a vida humana, isso é realmente exorbitante para a minha capacidade mental-espiritual, sendo eu um nada dentro de tudo. O abrir os olhos para ver é tão essencial quanto o respirar para continuar vivo. De olhos abertos, existimos, e fazemos existir outros. Mas os olhos nos cegam e a cegueira é inevitável quando se enxerga. Olhando podemos ver o que se pode enxergar, mas não vemos o que está na escuridão, onde os olhos não se atrevem a adentrar. Janelas da alma, que em falta, impedem a luz de adentrar as mais sombrias entranhas da mente, deixando que se reste a transparecer apenas aquilo que não é visível, o que não são necessários os olhos para sentir, os defeitos, virtudes e medos. Vendo-se cego - irônica demais essa combinação linguística - os indivíduos mergulham em um oceano de paranoias, em que as ondas de sentimentos são incontroláveis, pois por não terem a quem lhes ver, se veem eles livres de julgamentos supérfluos, assim mostrando em todas as situações o que de si tem de mais. Pior ou melhor, depende de quem se trata e de todos os históricos que o situam em uma das categorias. Não acredito mais no que olho! E hoje me vejo sem saída por enxergar. O melhor era se entregar a cegueira de vez...

Very Gold

"Nos demais o coração tem moradia certa, fica aqui, bem no meio do peito. Mas comigo a anatomia ficou louca, sou todo coração!" V.M

 
"O essencial é invisível aos olhos!" Saint-Exúpery