quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Vinho

Comprei um vinho do Porto essa semana. Não me lembro mais o dia pois há algumas semanas tenho preferido não saber as datas. Tenho tentado evitar lembrar quanto tempo tem desde a sua última visita. Escolhi viver de segunda a domingo, durante o mês todo. Os dias da semana não tem como esquecer, afinal durante cinco deles só trabalho e me drogo e nos outros dois só me drogo. As drogas são todo o resto que não é você! As mulheres, as bebidas, os cigarros, os livros, as músicas, os bares. O vinho do Porto foi na terça. Depois do expediente, cheguei em casa sonhando com você nua na minha cama mas tudo o que encontrei foi o vinho na geladeira. E não por escolha, tive de beber ele todo enquanto escrevia meus lamentos pra você. Se tivesse realizado o meu sonho e estivesse esfregando o seu cabelo loiro no meu travesseiro todos os dias, talvez assim eu poderia escolher alguma outra alternativa, a não ser essa de só viver pra tentar te esquecer. E desse jeito só te lembrando! Mas não! Você continua fugindo de mim e se abrindo pra outros. Eu deveria saber desde o começo que você não era bicho de se enjaular. Te encurralei naquela festa da empresa e não descansei até te levar pra cama e tentar te prender por lá pra sempre. De manhã, quando abri os olhos, você já tinha ido beber uma tequila num bar do outro lado da cidade com algum outro homem-recém-condenado. Você poderia ser quem você quisesse, roçar com quem tivesse, dormir em qualquer lençol, afinal, nunca negou que não passava de um pássaro livre. Mas de um jeito ou de outro, você prende os outros e comigo não foi diferente. Tenho esperado sempre pelo meu dia de sorte, o qual você terá vontade - com muita sorte, até desejo - de me ver, cheirar e amassar e então virá até o meu apartamento e ficará até a hora que te der no corpo vontade de ir buscar outro. E como me sujeito a isso, nem eu sei! Você nem era a mais gostosa da festa, mas deu tanta vontade de te experimentar, mas como as drogas mais pesadas são as que na primeira inalada você já está viciado. Não pude fazer muito... E não mudou nada desde aquele dia. Me comparando a um desses viciados que não tem nem onde cair morto, só faltava eu poder vender o meu apartamento todo só para ter uma overdose de você. Mas infelizmente nem dinheiro te compra. Sem alternativas, estou aqui de novo, no bar.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

acorda-r

As pessoas têm se preocupado demais. Com tudo. Contas, empregos, dívidas, relacionamentos e a merda toda. Os que ainda se comprometem a não ligar muito para as particularidades fúteis da vida, continuam engrenados na máquina do mundo. Fingindo estarem distraídos com a paisagem ou a música, mas por debaixo do couro cabeludo ainda ardem as dúvidas e contrariedades. É difícil, é claro. Mas o mundo é demoníaco! Umas vezes te empurra de despenhadeiros e outras te eleva a mais alta das montanhas. As maravilhas, o tempo, as letras. Tudo o que se pode amar, pode te prender. Estamos presos. Amarrados em um dos mais estranhos estados de espírito.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Tudo por tudo

Acabei de desligar o telefone. Era sua mãe, me perguntando se eu tinha notícias de você. Mas como sempre a resposta que lhe dei não foi das melhores. Disse que a última vez que soube de você, foi aquela - como eu já havia contado a ela, mas era importante repetir para confirmar a realidade da lembrança - que um número desconhecido ligou no meu celular e só ficou chorando. Tinha certeza que era você. Ninguém choraria para a pessoa errada no telefone! Perguntei como você estava, disse que sua mãe queria que você voltasse, que havia correspondências fechadas endereçadas a ti e declamei minha saudade! E nesse momento você desligou. Como se já estivesse cansada de saber disso, ou talvez que não quisesse ter que pensar de novo nisso. O que tenho mais desejado em todos estes últimos longos meses é que você volte a ligar, mesmo que pra apenas ficar miando lágrimas no meu ouvido, assim pelo menos tenho certeza de que você ainda se lembra. De mim. Não, egoísta demais, você  nem me quer mais, imagine lembrar e pensar em mim. Então, de Nós. Você deveria ligar! Já é quase natal! O seu presente eu já comprei. Debilmente tendo esperanças que você estará aqui. Me lembro de quando você dizia ser o natal o dia em que as pessoas passavam o espanador no coração, limpavam os cantinhos e deixavam tudo brilhando! Desemperravam as gavetas onde se guardavam sentimentos e os enfeitavam com fitas de cetim para entregá-los a queridos seus. Era um dia célebre! Cadê sua honra? Esqueça logo todo esse seu plano. Só porque você quer mudar seus caminhos não precisa pedir para a vida transformar seus pés. Eu vou viver do jeito que você quiser agora! Até fazer comida de vez em quando. Comprar sorvete pra você! Descobrir o número do seu batom preferido no catálogo. Tudo tudo. Sei que falho sempre. Sou falho. Mas posso tentar. Continuar..

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Frio

Já é quase natal. O ano passou tão rápido quanto o meu café esfria de manhã quando me distraio com o leite cujo a brancura sempre me impressiona. Para mim é o branco mais branco que existe! Mas como seria o menos branco? Branco é sempre branco, não?
Que confusão!
O café já esfriou de novo!

Very Gold

"Nos demais o coração tem moradia certa, fica aqui, bem no meio do peito. Mas comigo a anatomia ficou louca, sou todo coração!" V.M

 
"O essencial é invisível aos olhos!" Saint-Exúpery