domingo, 13 de fevereiro de 2011

Inúmeras

Acordei hoje com o gosto da sua boca e a lembrança do teu rosto perfeito. Com o gosto dos cinco anos que se passaram desde que decidimos que não era a nossa vez de viver uma vida a dois. A dois não! A um conjunto infindável de pessoas que você representava ser. Não arrisco nem um número. Eram tantas ações sem contexto e sentido. As vezes você batia na minha porta chorando e me implorando abraços, e outras vezes batia a porta na minha cara dizendo que eu não era nada pra você e que me queria fora do seu apartamento naquele momento.  Mas mesmo assim, eu amava cada eu seu, desde o que só aparecia por alguns segundos, quando você me olhava de uma forma tão juvenil, até ao que habitava a maior parte do tempo em você, o que me parecia ser vivo e incandescente! E como você o era. Aventureira ao extremo, com a idéia de vida nos olhos e em cada fio de cabelo-azul. Queria viver uma vida em um dia. Você sempre foi tão divertida. Sempre não, boa parte do tempo. Mas quando a tristeza e a chuva invadiam seus olhos começava o desespero. As noites em branco, os lenços encharcados, as perguntas sem resposta e mais uma cachoeira de lágrimas e tristezas. Não sei bem porque você ficava daquele jeito. Sua vida era tão boa. As trilhas estavam caminhando para a felicidade e o amor-eterno, o que mais você queria? Você sempre me respondia dizendo querer um pouco mais de você mesma. Nunca entendi isso. Mas no meio a tantas lágrimas, sorrisos e apelações, eu nunca deixei de estar presente! Nunca. Sempre te quis. Num eu ou em outro. Pra mim não fazia grande diferença. Era você! Isso sim importava. Mas um dia apareceu um certo olhar de desprezo em você. E desde aí, não demorou muito pra acabar. Você começou a não me querer. Acho que já era o que grande parte de você queria. Mas nisso eu já não podia interferir. Então começou a diminuir a tua roupa na minha casa, a frequência das visitas e dos eu te amos. Mas eu não podia fazer mais nada. Não cabia a mim nos salvar. Logo, nosso 'nós' definhou e morreu. Não gritamos, nem fizemos um escândalo no prédio. Apenas acabou. Como um dia Apenas começou. As vidas são assim. Com verbos, vírgulas, adjetivos, preposições e todas as outras classes gramaticais. Mas um dia ou outro, o ponto final chega. As vezes ele até faz você esquecer o que veio antes dele. Ou então, abre as portas para que se comece uma nova seleção de sentenças, totalmente diferentes e inéditas. É assim. Com todos e pra todos. E não foi diferente com ela. E nem comigo.

4 comentários:

Amanda disse...

Tá de parabéns, seus textos são otimos.

Anônimo disse...

Lindo mesmo!

Anônimo disse...

Você devia escrever um livro, sério mesmo.

Izabella Verônica disse...

Valeu personas!

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"Nos demais o coração tem moradia certa, fica aqui, bem no meio do peito. Mas comigo a anatomia ficou louca, sou todo coração!" V.M

 
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