Em mais uma tediosa e nauseante segunda-feira do mês das flores, estava sentada a conversar com dois quero-quero e três sábias. Enquanto eu tagarelava minhas andanças e arrependimentos, também compartilhava um sanduíche-ruim com todos eles. Joguei um pedaço para cada um e me coloquei a observar a reação de um a um. Três deles começaram a comer seu próprio pedaço e apenas se concentraram nele, os outros dois viram os seus pedaços mas foram atras dos outros para lutar pela comida deles, não satisfeitos com os seus pedaços sem graça, começaram a atacar para roubar as migalhas do pão dos outros pássaros. Fiquei analisando toda s aquelas ações e reações destes pequenos animais. Notei que os pássaros que tinham sido ferrenhamente atacados, lutaram por poucos segundos e voaram para uma outra parte da grama e lá começaram a procurar pela terra alguns insetos, um deles encontrou uma, presumivelmente, saborosa formiga no chão, deu algumas bicadas envolta de onde ela estava para assustar e deixá-la sem saída e então em um golpe-fatal abocanhou-a por inteiro e engoliu. O outro pássaro, o único que até aquele momento não havia comido direito, deu de cara com aquelas migalhas que haviam sido abandonadas pelos pássaros que tinham lhe atacado e então satisfatoriamente desmembrou todo aquele misero pedaço de pão e o comeu, pedacinho por pedacinho. Impressionada com aqueles pássaros, comecei a me entregar ao meu turbilhão de pensamentos e emoções. Me coloquei a pensar o quanto aquelas ações e reações eram semelhantes às dos humanos, o como todos nós agíamos instintivamente. Os cinco pássaros estavam ali para aproveitar daquele alimento que facilmente estava sendo oferecido a eles. Os três que comeram com satisfação e alegria tudo aquilo logo foram interrompidos pelo sentimento de avareza e maldade dos outros dois pássaros, que não tinham se contentado com os pedaços que lhes foram jogados, e resolveram atacar os outros e com o uso da força bruta e da ignorância se apossaram das migalhas deles; os pássaros que ficaram com fome procuraram um caminho auxiliar, uma forma de sobreviver àquela disputa pela vida; um deles partiu para o mais fraco e vulnerável e o devorou sem escrúpulo ou piedade alguma, e o outro se viu desesperado, sem nada para comer, e com muita sorte encontrou o tesouro que havia sido desdenhado e ignorado pelos outros pássaros e com ele se alegrou.
Me senti meio tonta envolta daquilo tudo. Como éramos tão semelhantes?! Como tão prepotentemente podíamos nos deixar levar por essa falsa-superioridade?! Essa falta de humildade! Será que os outros nunca pararam para observar que nós somos meros seres vivos como qualquer outro, que se adapta e evolui, conforme lhe são impostas barreiras e muros. Talvez essa seja a noção que nos falta para alcançar a redenção da vida humana: igualdade.
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