terça-feira, 19 de abril de 2011

Insolúvel

Eu era tão nova. Nem jovem era. Não passava de uma criança! Uma criança querendo ser mulher-de-verdade. Mas eu não era. Infelizmente não chegava nem perto de ser. Se fosse, talvez seria tudo diferente. Talvez hoje estivéssemos noivos e você não teria largado a faculdade. Talvez já tivéssemos viajado o mundo juntos. Talvez, Talvez. Ao certo não posso dizer, mas é o que eu queria que acontecesse. Hoje! Antes não. Antes eu me portei como uma criança-mimada. Com medo do que tinha pela frente. Com medo dos problemas. Com medo até de ser feliz demais. E por esse medo de antes, hoje sou, eu, uma mulher-de-verdade amargurada. Rancorosa. Arrependida. Arrependimento esse que tem habitado em mim por meses, anos, décadas. E ele é tão profundo, tão encravado, que tenho a máxima certeza de que ainda estará lá nas próximas. A minha unica saída seria você me deixar entrar pra sua vida de novo. Entrar de vez. Pra não sair nunca mais. Eu te juro que cresci, que agora eu estou pronta pra te amar de verdade. Do jeito que você merece. Me aceita! Me ama! Me tem de volta. Por mim. Eu nunca me perdoei pelo que te fiz. Nunca me perdoei por ter te abandonado, mesmo sabendo que isso te destruiria por dentro. Eu fui embora. Arrumei minhas malas e ainda fui indigna de me despedir por um aceno da janela do táxi e um bilhete-molhado-de-lágrimas. Eu não passava de uma ingrata, de uma maldita. Você nunca me perdoou por isso, como eu poderia me dar essa ousadia? Então me tornei nisso. Uma mulher que vive no hoje, mas que chora pelo ontem. E esse choro é tão intenso que ela tem chorado por noites. Até por dias. E não acaba. Não para de doer. Mas o pior não é isso. O pior é saber que você ainda me ama. Que ainda me tem como lembrança-de-vida. Talvez mais ruim do que boa. Mas me tem. E me dói que tu não me queiras. Que você lute contra me querer. Mas eu te entendo. Eu não te mereço. Você era tão amante. Tão meu homem. E eu não te quis. Te deixei. É, eu definitivamente, não te mereço. Quero me matar por isso. Mas morrer não seria a solução. Levaria essa mágoa-profunda até para a minha nova forma/conteúdo nessa ou em outra terra.

2 comentários:

Larissa Teixeira disse...

Izinha, parabéns! Li muito de teus textos! A escrita, as palavras me fascinam...sejam de quem for! Mas sobretudo de pessoas como vc, com total franqueza nas palavras, sem hesitar na hora de ser ousada e autêntica. Beijos

Anônimo disse...

Você é demais. Que coração abastecido de amor e ternura. Bjs

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Very Gold

"Nos demais o coração tem moradia certa, fica aqui, bem no meio do peito. Mas comigo a anatomia ficou louca, sou todo coração!" V.M

 
"O essencial é invisível aos olhos!" Saint-Exúpery